As médias industrias tem grandes oportunidades de eficiência nas suas operações antes de partirem para grandes investimentos em busca do padrão "4.0".
O setor industrial tem um cenário promissor para este ano de 2021, a pandemia tem castigado algumas indústrias, mas tem sido benéfica para muitas outras.
A previsão é que esse quadro de desiquilíbrio entre os subsetores seja continuado, mas com a reversão gradativa no segundo semestre de 2021, para uma situação de maior normalidade.
O que é comum à todas as indústrias é a contínua pressão pela “indústria 4.0”, a mídia já adotou esse bordão e isso é vocalizado por gurus e especialistas que, em alguns casos, não conhecem a realidade de “chão de fábrica” das pequenas e médias empresas.
A definição da “indústria 4.0” é de significante transformação na forma como produtos são produzidos e entregues, integrando tecnologias e automação industrial. Essa integração tecnológica passa pelo IoT (internet das coisas), M2M (machine-to-machine), Big Data (banco de dados analisável) e tantas outras interações e integrações.
No entanto, ela não pode ser aplicada para todas as indústrias da mesma forma, nem com a mesma urgência.
As indústrias que produzem commodities, como aço, indústria química e papel e celulose, por exemplo, não tem como competir em um mercado, onde a formação de preços se dá de forma global, se não forem extremamente eficientes, dentro do padrão de seus concorrentes internacionais.
A cada ineficiência, neste tipo de indústria, a margem diminui e compromete a capacidade de fazer os investimentos constantes que são exigidos. Nestes casos, a adoção de práticas da indústria 4.0 é uma necessidade imediata e determinante para a sua sobrevivência e competição.
Outras indústrias, que trabalham com bens de consumo, podem ter a necessidade mais urgente para evolução 4.0, conforme o tipo de mercado, de produto e qualidade.
Com exceção destas indústrias em que a evolução para um padrão 4.0 é essencial para sua sobrevivência no curto e médio prazo, há muitas outras que operam nichos ou subsetores que podem fazer essa evolução de forma mais gradativa, principalmente as pequenas e médias.
O Planejamento Financeiro e de Operação é o fator determinante para que esse processo seja adequado, sustentável financeira e operacionalmente.
O objetivo deveria ser a busca de eficiência sobre o que já existe e gradativamente incorporar melhorias, de forma a aumentar a produtividade, que trará aumento de margem e, consequentemente, condições de melhores investimentos de toda ordem.
O caminho para isso começa lá na sala de reunião da Diretoria, com a instalação de uma Governança adequada, definindo as regras de como a empresa vai operar. Aliado a isso ter um Planejamento Estratégico, ou seja, uma indicação clara e objetiva para onde vamos e como queremos chegar lá? Isso irá permitir atribuir metas e responsabilidades, quem cuida de que área e que resultados são esperados ao longo de um período para que se atinja a meta.
Os vários setores de uma fábrica setores podem melhorar muito sua eficiência se trabalharem orientados e com um foco único.
A instalação de um super software de controle de produção não será eficiente como deveria se a expedição continuar a adotar as rotas de sempre, sem buscar a entrega rápida e no prazo. A aquisição de um robô de última geração e controlado pelo celular do gerente de produção também não será tão eficiente enquanto continuarem as paradas de produção, por um plano de manutenção inadequado, ou níveis de estoques mal dimensionados, ou pela demora excessiva na troca de ferramentais.
Alguns profissionais, “crias da casa”, precisarão ser substituídos neste processo, ou por apenas reproduzirem um modelo que já não funciona mais, ou porque não conseguem acompanhar as mudanças.
As melhorias, deveriam ocorrer com as condições existentes com a aplicação de muita gestão, revisão do processo, definição de metas e acompanhamento contínuo. Os investimentos nesta fase deveriam ser orientados para que a indústria ganhe eficiência esgotando suas condições atuais, em pontos que apresentam gargalos ou sejam críticos.
O mais importante é que a indústria crie uma cultura de planejamento, metas, eficiência e organização, sempre olhando para seu mercado e se possível o expandindo, antes de se comprometer com enormes investimentos que não trarão a eficiência desejada se o ambiente e a cultura não for orientada para isso.
A evolução é inevitável, mas ela pode ser gradativa, ser economicamente viável e financeiramente oportuna, mas começa pelo Planejamento.
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